quarta-feira, dezembro 15, 2010


Déjà Vú



As vezes olho ao meu redor e sinto que tudo aquilo que eu já passei em um pequeno passado meu me assombra novamente. Que o que eu achava que já tinha superado a algum tempo, de algum jeito sempre me retorna, e de várias maneiras. Estou cansada de viver com medo de perder quem amo para um outro alguém, que eu sei que nunca faria cada minuto com essa pessoa durar. Já cansei de ser apenas uma companheira, uma velha amiga de infância. Cansei de ser vista como a menina dos sonhos, romantica, tímida e quieta no seu pequeno mundo. Eu não sou uma menininha de 10 anos ainda, que nunca teve algum tipo de esperiência em relacionamentos na vida. Eu cresci poxa. Cresci. É quer saber? Tudo isso cansa de alguma forma, quando na verdade você pode ter algo a oferecer de bom, pra quem você ama. Que você acaba se sentindo impotente perto das outras pessoas ao seu redor, incapaz de também acabar achando a sua própria felicidade. Talvez o meu destino seja esse. Ficar vendo o que acontece no mundo ao meu redor, sempre. Incapaz ter a minha própria felicidade, seja com alguém ao meu lado, ou não. Mas acho que nada sempre tenha que se basear nisso, ter uma companhia ao seu lado sempre. Todos estão quase sempre satisfeitos com a vida que levam, pelas amizades eternas e duradouras, que nunca tiveram nem sequer uma complicação. Mas eu procuro guardar tudo isso pra mim mesma, deixar que eu mesma resolva e tente conviver com isso que de algum jeito me machuca. Me apaixonei por tantos longos 6 anos, convivi com abraços tímidos, sorrisos trocados e um pula pula louco quando chegava em casa, após ser elogiada. Tudo isso de uma menina que estava descobrindo o que era estar apaixonada, o que era amar, e curtir tudo isso. Mas eu era uma garotinha, e não me preocupava se amanhã teria futuro, ou ao menos pensava nisso. Eu era feliz por ser assim. Tímida, sonhadora, mas feliz com a sua paixãozinha de escola. Eu não me importava com o futuro, com querer ter um relacionamento de verdade, ou ao menos ter um relacionamento. Eu só era feliz. E hoje, quando isso se repete com outras pessoas na minha vida, eu vejo que tudo isso volta pra mim. Como um devà vú. Só que assim como eu não sou mais uma criancinha, eu sinto falta de poder pensar em algum futuro. De poder ter um relacionamento verdade, de poder pensar em alguém. E na verdade penso. Mas tudo isso não tem a mínima importância. Pra quê? Por que me importar? Isso nunca iria durar. Eu nunca vou estar preparada. Sempre vou ser a garota cheia de sonhos, tímida e no seu pequeno mundo. Mas mesmo que eu ainda seja assim, eu ainda vou ser eu mesma, de alguma forma. Vou cometer novamente todos os meus antigos erros, e não vou saber reagir quando surgir algo novo e extraordinário pra mim.



Porque como diz Brena Braz em seu blog.
“Não me diga onde errei. Eu sei. Conheço meus acertos mais louváveis e meus erros mais repulsivos. Se der errado, vivo meu luto de novo. Não me importo. Vai doer. Vai ferir. Vai cicatrizar e formar uma casquinha que depois sai só de passar a mão de leve como quem toca um mosquito do corpo. Bem ou mal, minha história me fez ser quem sou. Viveria cada segundo de novo como se fosse uma despedida. Talvez eu cometesse os mesmos erros. Talvez eu cometesse outros erros. Mas jamais passaria impune até aqui. Cada um sabe da sua história e só isso importa. Por isso, guardo comigo minha dor, minhas agonias e meus pesadelos mais tenebrosos. Divido as alegrias, as conquistas e os sonhos mais altos. Escrevo sobre o que eu sinto. Escrevo como uma forma de despejar meu lixo na cabeça de alguém. Acho mais limpo e igualmente purificador. Escrevo porque dor não cabe no papel – ou eu não saberia explicar. E dessa forma, minha dor continua só minha. Guardo comigo.”
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"Não é amar: viver em função do outro, viver em uma confusão de pensamentos e sentimentos que tiram o foco, viver triste, com receio da perda, do abandono, da mentira, aceitar migalhas, viver se rastejando, falar o que não sente, conceder indefinidamente, adiar sonhos, encolher, esconder-se, deixar-se morrer, anular-se."

Sandra Maia
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